quarta-feira, 9 de julho de 2008

Policiais comemoram a Lei Seca!

Estamos diante da lei seca!
Cuidado com as blitz e siga as instruções do governo: Se cheirar dirija, se fumar maconha dirija, se ingerir psicotrópicos dirija, se injetar drogas nas veias dirija,...mas se beber não dirija! E não dirija mesmo, pois milhares de policiais treinados, profundos conhecedores da legislação vigente e imbuídos do mais abnegado senso de cumprimento das leis serão implacáveis.
Tenho certeza que nesse exato momento, dentro dos quartéis da Polícia Militar, não se fala outra coisa nas rodinhas de policiais. Para comprovar isso, nossa equipe de reportagem plantou microfones no pátio de um Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Veja, na íntegra a transcrição de uma conversa gravada:
- Bom dia amigos!
- Bom dia! (em coro)
- Estou pensando em organizar uma festa aqui no batalhão, já até falei com o comandante!
- É mesmo, e o que vamos comemorar?
- Ora a Lei seca...é claro!
- Boa Sargento...só o Sr. mesmo, o Sr. é mesmo o cara.
- Que nada soldado. É que estou realmente muito feliz. Depois de ver tantos acidentes por aí causado por bêbados, não vejo a hora de executar essa lei e colocá-los na cadeia!
- É isso aí Sargento!
- E tem mais. Agora poderemos pegar os filhinhos de papai que tem carteira de motorista, documentação em dia, mas bebem muito.
- Bem lembrado Sargento! Só temos que tomar cuidado com uma coisa!
- O que soldado?
- É que eles andam com muita grana na carteira, aí na hora da apreensão, sabe como é, temos que zelar pelos pertences deles para devolvermos aos pais.
- Realmente isso é um problema, mas já pedi ao comandante uns saquinhos com etiquetas. Ficará tudo catalogado, não se preocupe com isso.
- Maravilha Sargento...mas de quanto é a multa para quem está com o teor alcoólico acima do limite?
- R$ 955,00
- Isso mesmo! Bem feito pra eles...mas pelo menos esse dinheiro irá para o governo e em breve estaremos melhor aparelhados!
- Parabéns soldado...chegou no ponto que eu queria. Esse é o real motivo da comemoração. Até todos se conscientizarem disso, entrará muito dinheiro para os cofres públicos e quando eles se cansarem de pagar, teremos um trânsito muito mais seguro e uma polícia muito melhor!
- Um viva para o Sargento!!!!!
- Viva!!!!!
- Vou lá pessoal. Bom trabalho para vocês e tragam as crianças para a festa, pois o Papai Noel e o coelhinho da Páscoa já confirmaram a presença....fui!
Jorge Baraúna

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O segredo 2: A técnica da observação.

Quem nunca pronunciou: "Como ela(e) pode se sujeitar a isso!" Eu já! Muitas vezes. Porém alguns acontecimentos recentes me levaram a descobrir que o "se sujeitar a isso" em uma relação amorosa, desde que você não esteja levando nenhuma vantagem material, intelectual ou espiritual é cardiopatia. Sim, é doença do coração! E pasmem, causada por uma variação do amor.


Essa doença te pega de mansinho e infelizmente ataca com mais freqüência os grupos que compartilham de certos valores morais como: compreensão, despreendimento, tolerância e apego à família e que geralmente são avessos à inveja, orgulho e egoísmo.


Quem é pego por essa moléstia, quando se dá conta, se vê numa sensação de impotência e resignação a maus tratos, sejam eles físicos ou psicológicos. Não percebe que seu inconsciente está impregnado de ilusões que justificam ou abrandam quaisquer atitudes negativas do parceiro. Vê sua razão substituída pelo sentimento de posse, que pontencializa ainda mais os sintomas, e ainda, faz com que você nunca se veja como vítima e sim como uma pessoa apaixonada que está vivendo e sentindo um amor profundo e incondicional que tudo pode vencer.

Para vencer esta infermidade podemos e devemos procurar ajuda psicológica, desenvolver os "anticorpos" (experiência, espiritualidade e intelectualidade) e contar com a sorte, muita sorte, pois em muitos casos a "cura" é repentina (como se um véu descobrisse seus olhos), mas em muitos outros ou isso simplesmente não acontece ou quando acontece já é tarde mais.



Para quem vive, viveu ou não quer viver essa situação ofereço uma técnica, que desenvolvi, tendo como cobaia a mim mesmo, sofrendo como um cão e desperdiçando valiosos anos de minha vida.



A Técnica das Observações:


1ª Observação - Sempre que começar um relacionamento deixe bem claro que o diálogo será a base de tudo. Porém, jamais aceite o monólogo. Por experiência própria, se você coloca um assunto e o outro contra-argumentar algo que não o satisfaça ou que seja medíocre, calma, tente de novo, pode ter jeito. Agora cuidado com quem só concorda ou se recusa a dialogar. Essa é a pior espécie de parceiro que você poderia encontrar na vida. O parceiro que age dessa forma ou é intelectuamente incapaz ou você estará diante de alguém com um coração duríssimo, egoísta e sem nenhum bom sentimento para com você e que será capaz de te magoar como quem escova os dentes.


2ª Observação - Observe atentamente e procure nunca perder a noção do dar e receber. Dar o seu melhor para uma pessoa é louvável e na minha opinião é assim que deve ser. Mas muito cuidado com a recíproca. Acredite, dar muito e não receber nada ou quase nada, vicia. Isso mesmo, vicia. Você primeiro se habitua a receber pouco, depois aceita receber muito pouco e quando der por si estará recebendo nada. É nessa hora que você estará a mercê da indiferença, da falta de respeito e será tratado pelo seu parceiro como um traste. Pois, quem se sujeita a dar muito e receber pouco ou nada se torna um "fraco" perante o outro. E quem dá pouco ou nada, recebe muito e continua se aproveitando disso, será capaz de te descartar sem dó nem piedade, pois pode ter certeza que quando a situação chegar ao seu limite, essa pessoa irá mostrar o quanto você vale para ela: nada.


3ª Observação - Desconfie do vocabulário do seu parceiro(a) durante uma crise, seja ela, de pequenas ou de grandes proporções. Se você estiver com uma pessoa e depois de algumas crises você nunca ouvir: "desculpa", "você tem razão", "estou chateado(a) por você ter feito isso ou aquilo", "não vamos discutir mais não, vem cá meu amor" ou "eu te amo", caia fora o mais rápido possível, pois se a cada crise, essas palavras só sairem da sua boca, essa pessoa cada vez mais te respeitará menos!


4ª Observação - Quem ama pergunta: "Por que você está triste?". Quem ama procura te acalmar quando você perde a linha. Quem ama valoriza mais as virtudes do que os defeitos. Quem ama aponta seus erros mas comemora os seus acertos. Quem ama agrada. Quem ama briga mas se reconcilia.


Nenhum relacionamento será perfeito e me parece que uma dose de sofrimento é inevitável, mas a pior dor que pode existir é aquela que você mesmo, por acomodação, atrái para si !


Jorge Baraúna



quarta-feira, 28 de maio de 2008

Metrô do Rio de Janeiro - A Divina Comédia!

O metrô carioca é fantástico!


É um microuniverso para Dante nenhum botar defeito, onde podemos facilmente observar a tríade paradoxal formada por: Tecnologia, Brasilidade e Cultura (ou a falta de).


Lá, no metrô, todos os dias se repete uma aula de Brasil e sempre em três capítulos: o paraíso, o purgatório e o inferno. Portanto, convido os amigos agora, para uma viagem no metrô carioca.


CAPÍTULO I - O PARAÍSO

Estamos na estação do Metrô do Largo da Carioca, no coração do Rio de Janeiro, descendo a escada rolante prestes a entrar no que é, depois da praia, o espaço mais democrático do Rio de Janeiro. São ternos de fino corte, mãos calejadas, apostilas em punho, ferramentas na bolsa, bolsas de marca, sacolas de supermercado, mães aflitas, babás esgotadas, tijucanos imponentes, suburbanos sorridentes, processos com elástico, mochilas nas costas...tem de tudo.

Levando em conta os padrões cariocas, nos deparamos com um quesito que sempre deixou a desejar em nossa cidade, a limpeza. É tudo limpo! No chão não se vê bituca de cigarro, papel de bala, saquinho de biscoito, lata de refrigerante, pixações, nem sinais de depredação. As mesmas pessoas que sujam a Av. Rio Branco e a Central do Brasil, que pixam os trens e que depredam os ônibus estão no metrô. Acredito ser um caso de hipnose coletiva ou quem sabe, inexplicavelmente, nunca se atirou a primeira "pedra". Só para ser mais enfático, há poucos anos atrás se fumava dentro dos ônibus, era difícil encontrar um motorista de coletivo que não despejasse suas baforadas nesse ambiente fechadíssimo, porém nos meus 25 anos de metrô, mesmo quando fumar dava status, nunca vi um cigarro acesso nas dependências do metrô.

Por esse prisma, estamos adentrando no paraíso carioca, onde podemos sentir o gosto (ou ver a cara) da civilidade e muito próximos do clímax, que com seus 25º C, nos transportará com dignidade até o nosso destino.


CAPÍTULO II - O PURGATÓRIO

Bléim! Blóm! "Atenção senhores passageiros, nesse capítulo falaremos do metrô em condições normais, fora do horário de rush! O metrô rio agradece, tenham uma boa viagem.

Entramos no vagão, tá fresquinho aqui dentro...ops! Não tem lugar para segurar....tudo bem dá pra equilibrar...ôpa...solavanco...não dá não....

Bom, daí em diante algo acontece. De repente a realidade da nossa cultura (ou falta de) dá o ar da sua graça, se mostrando de forma nua e crua diante de nossos olhos, que estupefados registram os acontecimentos abaixo:

  1. Existem barras de ferro fincandas no chão onde mãos se empilham, fazendo com que para cada barra pelo menos 10 pessoas possam se equilibrar. Mas, quase sempre, somente 2 conseguem essa façanha, porque grande parte das pessoas ao entrar e deparar-se com as mesmas vazias, se recostam nessa barra a fim de liberarem as suas mãos, sem se importar com as outras pessoas que resignadamente (na maioria das vezes) procuram outros meios para manterem-se de pé.
  2. Já se passaram 5 estações, mas reparem que alguns rostos permanecem encostados à porta, obstruindo a passagem de quem entra e de quem sai... em todas as viagens encontramos essas pessoas intelectualmente superiores que descobriram que ao fazerem isto estão mais próximas da saída, logo se deslocarão menos quando chegarem à sua estação....pura física!
  3. "Os bancos de cor laranja, são reservados para idosos, gestantes, deficientes e pessoas com criança de colo!" Ecoa o brado por toda a composição. Porém, o que vemos constantemente, são esses bancos ocupados por pessoas saudáveis, muitos deles com problemas relacionados ao sono incontrolável, mas que por algum mecanismo ainda desconhecido pela ciência, acordam segundos antes de chegarem às suas estações.
  4. "Próxima estacão: Estácio, estação de transferência para a linha 2". Isto não é um aviso. É uma senha! Que na verdade pode ser traduzida como: "Quem for tomar a linha 2, corra para a porta, pois saindo primeiro, você poderá correr e chegar também em primeiro."

Bom, pelo menos o Metrô é limpo....e além disso saí mais cedo...até que tá vazio....


CAPÍTULO III - O INFERNO

Metrô-Rio: 07:15 ou 18:30, estamos no inferno carioca! É nessa hora que esse pedacinho do nosso cosmopolita Rio de Janeiro se transforma em zona rural, mas não pelas paisagens bucólicas, não por um ar provinciano e sim pela formação em manada, de bípedes, digna das grandes fazendas do Mato Grosso e quem sabe até de um clip do Animal Planet. A diferença porém, está no fato dessa manada ser acéfala, quer pela falta de um peão, quer pela falta de um líder. Cada palmo é disputado sem ética, sem orgulho, sem civilidade...enfim sem HUMANIDADE!
Observamos então, com olhos de quem assiste O National Geographic Channel o seguinte comportamento:
  1. Bléim! Blóm! "Atenção senhores passageiros, não ultrapasse a faixa amarela, ela é a sua garantia de segurança. Só ultrapasse a faixa amarela quando o metrô parar e as portas se abrirem!" Eis que chega o metrô, em alta velocidade que aos poucos se esvai, nesse momento já não é mais possível a visualização da tal faixa amarela. Começa então, um estranho balé, cuja coreografia se apoia no fato de que o importante é a porta. Todos tem uma forte noção inata de que ficar de frente para porta é o segredo do sucesso e disso depende toda a sua vida daqui por diante.
  2. A porta se abre, é agora ou nunca! Vale entrar de lado, de costas, devaaaagaaariiinho ou na força. Vale também um lindo momento de solidariedade, que é quando sorridentes, educados e abnegados membros da manada, seguram a porta impedindo seu fechamento para que os últimos possam também chegar ao grande prêmio....ENTRAR!
  3. Estamos dentro...ufa...vem mais uma estação e o estranho ritual se repete...êpa...chegou na estação Central do Brasil, mas muitos só soltarão daqui a duas estações...ledo engano...parte da manada vai saltar aqui. É nessa hora que, quem está na reta da porta salta junto, empurrado, amassado, mas já pensando em como retornar, que pode ser de lado, de costas, devaaaagaaariiinho ou na força.
  4. Dentro da composição estão, segundo a lei de Darwin, juntos à porta os mais fortes da raça, os puro-sangue e, no restante da composição, aparecem outras raças e até humanos...mas agora é um grande momento desse ciclo migratório...chegou "no estácio"! A estação de transferência para a linha 2! Muitos dos componentes dessa manada estão abarrotados, de forma ainda mais severa, porque graças aos seus instintos aguçados e inteligência ímpar, fizeram questão de escolher os vagões que param na "reta" das escadas que dão acesso a supracitada linha. Abrem-se as portas e começa o primeiro ato da confirmação da imbecilidade que difere os homens dos animais. Começa uma corrida, a toda velocidade pelas escadas. O objetivo é o mesmo: chegar primeiro na linha 2, pois assim, as chances desses mais puros representantes da raça (seja ela qual for), entrarem no metrô de uma estação terminal, onde todos devem saltar e irem sentados aumenta muito.
  5. Chega o Grand Finale! Se repete então, o balé do posicionamento das portas, mas agora é exigido algo mais. Agora é um novo desafio. O prêmio é inimaginavelmente mais tentador e importante. É ir sentado. Mesmo que por 15 ou 20 minutos. Não existe glória maior para essa espécie! Então é hora de dar tudo. Os olhos atravessam os vidros e se sentam no local escolhido. Infelizmente essa manada não é como a dos elefantes, os mais velhos não estão atrás e os mais jovens não estão protegidos. Mas não dá pra pensar nisso agora, pois a porta se abriu. É a dança das cadeiras, todos se empurram e disputam como alimento escasso, um lugar para sentar. São exatamente 2 segundos (cronometratos) para que todos os lugares estejam ocupados. É um momento de êxtase! Embora alguns se machuquem ou se indignem, o mais incrível é que de cada 10 membros da manada, 8 ou estão rindo porque conseguiram ou estão rindo porque quase conseguiram, mas...amanhã tem mais!
Espero sinceramente que nossa sociedade promova o mais rápido possível o PAC - Programa de Aceleração da Cultura, digo PAC - Programa de Acesso a Cultura, pois não se pode acelerar o que não se tem!
Jorge Baraúna

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Doutorado não arredonda orelhas!

Olá pessoal,

Começo este blog com a proposta de lutar pela liberdade de opinião e dar vivas ao eclético. Este blog não é sobre nada...e não é sobre tudo!

Certa vez ouvi uma expressão que caiu sobre mim como uma bomba! O querido Prof. Paulo Chavarria em um almoço, ao comentar sobre certo indivíduo, disparou a seguinte frase: "Doutorado não arredonda orelhas!" Confesso que num primeiro momento ri porque achei engraçadinho, mas com tempo pude perceber que essa simples metáfora é na verdade uma complexa análise do comportamento de grande parte das pessoas que tiveram acesso e se propuseram buscar o conhecimento, e usá-lo para adquirir status, poder ou fortuna.

Passei então a observar, sob esta ótica, alguns "doutores". É impressionante o número de pessoas que possuem os mais renomados títulos e são tão medíocres quanto a própria mediocridade. São anos e anos de estudo, livros e mais livros escritos, entrevistas, homenagens, honrarias...mas...nas ações cotidianas, no trato com o ser humano e as vezes nas questões mais simplórias que envolvam amor, compaixão e caridade, por exemplo, não passam de animais rústicos e ignorantes.

Tem o sociólogo que trata seus empregados como gado;
Tem o médico que dá graças a Deus por não estar de branco, ao se deparar com uma emergência na sua folga;
Tem o advogado que fora (ou dentro) do tribunal ignora o legal. Esse caso é emblemático. O cara passa boa parte da vida estudando o Direito, perde noites de sono para passar na prova da O.A.B. e quando finalmente consegue, cospe em cima das leis;
Tem o Professor, que gosta que o chamem de mestre mas trata seus alunos como inferiores;

Cabe aí uma proposta para os mestrados e doutorados da vida. Deveria ser criado um módulo obrigatório, divido em partes durante todo o curso chamado H.A.O. (Horas de Arredondamento de Orelhas), com as seguintes disciplinas obrigatórias:

  • Intransigência: Como ouvir meus subordinados
  • Arrogãncia: Como tratar bem os diferentes tipos de pessoas
  • Humildade I: Como passar o conhecimento aprendendo
  • Humildade II: Como um analfabeto pode ser muito mais sábio do que eu
  • Responsabilidade: Como mensurar o que você representa para os que dependem de você
  • Tópico de Biologia I: Gases, muco e fezes - Todo o ser humano produz
  • Tópico de Biologia II: A decomposição do corpo humano e do seu, após a morte
  • Estágio Supervisionado: 150 horas (visita a orfanatos, asilos e abrigos do governo)
  • Trabalho Monográfico: Dissertação sobre o tema: "Quando eu morrer quero que meus decendentes e todos que me rodearam lembrem-se de mim como..."

Continuemos estudando, produzindo, suando e perseverando...mas não esqueçamos nunca de ir arredondando as orelhas!

Jorge Baraúna